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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Hoje é dia de saudar a mais velha de Umbanda protetora dos Congás

 
EU VOU SAUDAR
 
A MAIS VELHA DE UMBANDA
 
PROTETORA DOS CONGÁS
 
SALUBA EU MAMÃE
 
VEM ME VALER
 
NAS SUAS AGUAS
 
SARAVÁ NANÃ BURUQUÊ
 
 
   Hoje, 26 de Julho dia de comemorar esta que é considerada a mais velha dos Orixás do panteão Africano, para nós Umbandistas é sincretizada com Sant`Ana, a Avó de Jesus Cristo, também comemorada hoje pelos Católicos.
   Nanã é a Orixá Feminina, cósmica e reguladora do 6º Trono da linha de Umbanda, o Trono da Evolução, fazendo Par com seu filho nas lendas africanas, Obaluaê.
    Seu campo de atuação é o emocional dos seres desequilibrados, que ao receberem suas irradiações, tem paralisadas suas evoluções, até que decantem seus vícios e desequilíbrios.
   Nanã possui duas qualidades, A primeira, a maleabilidade, vai desfazendo o que está paralisado ou petrificado nos seres, dando-lhes maleabilidade. Quanto o ser estaciona num padrão vibratório negativo (pensamentos, sentimentos, crenças e emoções), insistindo em condutas igualmente negativas, ele se petrifica, fica impermeável às sugestões do Bem. Neste caso, ele será atraído para o campo de Mãe Nanã, para readquirir maleabilidade. E a segunda Qualidade de Mãe Nanã, a decantação, vai decantando os seres dos seus vícios, desequilíbrios e negativismos, fazendo uma espécie de filtragem dessas energias desequilibradas. 
   Ela tem por elemento “água-terra”, ou seja, o seu primeiro elemento de atuação é a água e o segundo é a terra. O elemento água dá maleabilidade ao que estava endurecido (“amolece”, torna permeável, permite adquirir e absorver outros valores). Então, a terra se junta à água, formando “um barro” que absorve os negativismos decantados. Isto gera condições para dar estabilidade àquilo que ficou de positivo após a decantação. E uma vez que “o positivo” foi estabilizado no ser, ele poderá recomeçar sua evolução.
   Nanã também é responsável pelas reencarnações, preparando o espirito para se adequar ao seu novo corpo carnal, diminuindo o seu tamanho ao do feto e adormecendo sua memoria imortal, para iniciar sua nova jornada evolutiva, sem o tormento das falhas cometidas em vidas anteriores. Isso acontece aos 6 meses de gestação, quando os sentidos do feto estão desenvolvidos, então Obaluaê se encarrega de afixar o cordão de prata definitivamente, tornando espirito e carne em um só, unindo-os até o seu desencarne.
    Por isso em alguns cultos aos orixás, nanã é tida também como orixá das passagens, e ela é quem fornece o barro para a criação do homem.
    Seus elementos são a água junto com a terra, seus campos de forças, mangues e lagoas, e assim junto com Iemanjá e Oxum, considerada uma Iaba, Mãe das Aguas.
    Devemos Oferendar Nanã para aprender a agir com paciência, sabedoria e perseverança diante de obstáculos; para a cura de males físicos, morais e espirituais; para superar vícios e padrões negativos de sentimentos, pensamentos e emoções; para vencer bloqueios internos (fobias, medos injustificáveis); para superar lembranças traumáticas ligadas a experiências da encarnação atual; para nos desapegarmos do passado (em todos os sentidos e aspectos), a fim de nos situarmos no presente, aceitando a vida como ela se apresenta no momento, mas sempre trabalhando por melhorar aquilo que podemos melhorar (interna e externamente). Em pedidos de proteção para a família, os filhos, as crianças em geral, as gestações difíceis e os partos. Em todas as situações em que nos deparamos com dificuldades para seguir um caminho de evolução.

fonte Instituto Cultural 7 Porteiras 

terça-feira, 23 de julho de 2013

Drogas, Vicio ou Obsessão



No início, tudo parece fogos de artifício, dia de festa, brilho, sagacidade, facilidades, satisfação, prazer sem fim, bem estar………..Na verdade, entretanto, trata-se de um fogo fatal. Parece uma brincadeira, em meio a amigos, um instrumento sociabilizante, mas é um jogo mortal. Iludem-se quem pensa estar no comando, as cartas na verdade, são marcadas, estão nas mãos dos Senhores da Destruição.

Não se pode minimizar, as drogas estão matando e fazendo matar mais do que nunca. É arma nefanda, utilizada com objetivo preciso, com resultados inesperados e de longo alcance. A droga pesada quando entra em uma casa, não destrói uma pessoa, mas uma família. Remove aos poucos a vontade do usuário. O coloca à mercê de agentes do Mal, que são manipulados por forças obscuras, que não querem saber de Progresso, nem de resgate, se regozijam com a escuridão, ignorância, maldade, falta de sentimentos.

Aí está a chave, retirar do humano o que é mais humano: seu sentimento, sua capacidade de discernir o bem, o mal, perceber limites, considerar excessos. Sem capacidade de sentir, o ser humano se torna um autômato, não diferencia o que é bom para si, não desenha sonhos, não anseia por subir os degraus da evolução. O homem que não sente, é o mesmo que estar morto, só que ainda está ocupando um espaço, provavelmente incomodando muita gente, consumindo alimentos, roupas, espaço, num modus vivendi terrivelmente egoísta, pois assim como perde a conexão de sentir, desconecta-se consigo mesmo e com o outro, mergulhado apenas numa tentativa de anestesiar alguma dor que não conseguiu superar, iludindo-se que através da droga, vai ter coragem para atingir aquela posição que no seu normal acha não ter capacidade, desintegrar um medo dentro de si, de sua solidão, de sua falta de objetivos, enfim, a droga é um problema que se iniciou como tentativa de solução de algo profundo, mal resolvido, uma rota errada para alguém que já estava sem norte, e sem quem o norteasse.

Vejamos as drogas conhecidas :

Anabolizante: Conjunto das reações químicas que levam à formação de tecido vivo a partir dos nutrientes, que levam ao aumento de peso e das forças (mineralocorticóides, testosterona, eritropoeitina, GH

Coca=cocaína: Alcaloide extraído das folhas da coca. Anestésico local e excitante do sistema nervoso central, cujo uso prolongado conduz a uma toxicomania grave (também são alcaloides : nicotina, morfina, ergotina,etc.)
Entorpecente: Droga que faz o corpo negar qualquer sensibilidade ( álcool, anfetaminas, cafeína, cocaína, cogumelos, crack, ecstasy, inalantes, LSD, Maconha, Opio)

Enfim, é matéria, e matéria pesada, que no astral é feito uma substância amorfa e aderente, que se espalha extensivamente ao redor, tudo contaminando, com uma capacidade de impregnação profunda e difícil limpeza. Ao ser ingerida, inalada ou injetada, a contraparte etérea da droga, além dos conhecidos efeitos deletérios sobre o corpo físico, se espalha como uma teia por todas as conexões energéticas, penetra em todos os chacras, ativando-os grotescamente, em especial o chacra genésico, atuando então sobre a vida sexual da pessoa, levando-as a novos erros e desacertos, e deformando profundamente este vórtice, por séculos afora. Também atua no chacra cardíaco, anulando os sentimentos como já comentado, no laríngeo, de onde deturpa a qualidade da fala, de modo que sua conversa passa a ser grosseira e agressiva e chega ao chacra coronário, onde ocorrem os mais terríveis desatinos, escancarando os portais íntimos aos mais terríveis obsessores e vampiros. A corrosão causada pela energia etérea da droga pode ser comparada a reações de contaminação atômica. Não admira que tantos crimes são cometidos em seu nome.

Estamos falando de drogas pesadas, que causam dependência, e o vício causado por essas, é dificílimo de ser erradicado apenas pela força da vontade. É necessária muita força interior, e a presença de alguém que lhe sustente com seu Amor, Carinho e Saúde, para dissipar as trevas interiores. Frequentemente não é nesse mundo que se consegue esta força, e ela vem do Mundo Espiritual, mediante o pedido de Fé incondicional daqueles que ao viciado estão ligados. Através de orações, e a Esperança que as Forças Maiores irão socorrer. E sempre que um pedido é feito com o coração, de algum modo ele será visto pelos espíritos protetores e o auxílio virá de diferentes formas, às vezes por momentos de susto e dor, mas que estarão prevenindo mal maior, através do despertamento e fortalecimento pessoal. Lembramos o livro “Nosso Lar”, quando espíritos abnegados, trabalham no Amor e na Caridade, acumulando “bônus horas”, que poderão ser utilizados no auxílio daqueles que ainda não conseguiram merecimento, e essa é uma mostra da grandiosidade do Amor, transformado em moeda abstrata, mas salvadora, daqueles que se perderam, ou estão prestes a se perder.

Situação muitíssimo mais difícil se encontra, quem é o mercador e aliciador das drogas. Sendo ou não usuário está, com seus atos destrutivos, causando uma deterioração progressiva de sua estrutura perispiritual, está causando uma corrosão em seu duplo etéreo, em cada grama que vende, seja do que for. É instrumento e ao mesmo tempo o mais inferior dos escravos, pois se tornou de outras vidas, marionete dos Senhores da Destruição, com resgate pelos Emissários da Luz, muitíssimo mais difícil. Neles a Lei foi ultrapassada, e sendo assim, as portas da redenção vão se fechando, até o ponto de desintegração dos chacras, que são os pontos de conexão com o períspirito/duplo etéreo, chegando a não forma, mas não se trata da “Não Forma “ do Zen Budismo, que explica o movimento constante, a Luz se transformando na Escuridão, o Positivo no Negativo, ao se esgotar um movimento no seu limite, se inicia outro. Sim, o movimento irá se reiniciar, mas estes seres geraram a inércia do Nada, de serem nada, perderam o corpo perispiritual, e quando saírem do corpo carnal, não mais poderão pensar, optar, nada de livre arbítrio, apenas ficar a mercê de algozes pelos séculos afora, enquanto tiverem dívidas com a Humanidade terrena.

Os Senhores da Destruição são instrumentos que forçam a superação do homem, desafiam a sua Humanidade quando ele está à margem da Angelitude. São aqueles que estavam no deserto quando Jesus nele se deixou ficar por 40 dias, são agentes indiretos do Progresso, são o Limite oposto a toda Luz e Construção. Aquele que os defrontam sem estar preparado dificilmente sairá ileso.

Não podemos dizer que as drogas sejam um mal necessário, mas sem dúvida um instrumento de DOR compulsória do espírito, ou daqueles envolvidos paralelamente no processo. Nosso planeta já poderia estar livre deste flagelo, se cada um conseguisse olhar para dentro de si, assumisse a roupagem a si atribuída na presente encarnação, observasse seus defeitos e os superasse, aprimorando as qualidades, detectasse as imperfeições de caráter ou elas fossem corrigidas pelas asas amorosas de um coração materno, uma presença paterna, ainda na sua formação. Que os valores materiais fossem minimizados, enquanto maximizados fossem a luz da compreensão, aprendizado, resignação. Que a Felicidade voltasse a ser considerada possível nesse Mundo, nos momentos de Paz interior, de comunhão de Almas, de valor no trabalho verdadeiro e profícuo. Que a inércia, preguiça, maledicência, injúria, inveja e indiferença fossem substituídas pela operosidade, reflexão, perdão, generosidade e Amor. Que cada um, conhecendo-se, pudesse se bastar, sem precisar sair de si para ter serenidade, equilíbrio e bem estar. Que se relacionasse com aqueles ao redor sem atritos, sem sentimentos de inferioridade, ou sensação de supremacia. Que se achasse apenas um filho do Mundo, em missão temporária de aprendizado e serviço. Não precisaria de bens excessivos, nem de necessidade de autoafirmação, nem ilusões de futuros incertos, nem lamentos de passados que não se modificam. Estaria de pé, dia após dia, movido pelos seus objetivos, suas crenças, seus sentimentos, sem tempo a perder, nem perder-se.

Na Umbanda, são utilizados o fumo e o álcool, mas todo filho de banda sabe que os guias deles se utilizam para obter a força etérea do vegetal, para aplicá-la nos desmanches, nas mandingas, na condução dos seus trabalhos no Bem e na Caridade. A fumaça destrói e afasta larvas astrais e o álcool saneia a ambiência perispiritual do consulente dos objetos do terreiro. Não se abre uma gira sem a queima das ervas de defumação, porque na Umbanda se respeita seus fundamentos. E os indígenas que utilizam ervas alucinógenas, assim com alguns ritos do catimbó, seguem fundamentos sagrados que de forma alguma criarão deterioração da pessoa, ou causarão dependência. Aquele que for ao terreiro de Umbanda para abusar do álcool e fumo, quando este é permitido, pois os caciques em geral inibem imediatamente qualquer excesso, mas se ainda assim exibem uma atitude exagerada, mostrando alteração, está errando e possivelmente mistificando. A entidade utiliza o álcool tendo cuidado de preservar a capacidade do médium, e ao voltar em Terra, ele nada sentirá dos efeitos do mesmo. Os espíritos que baixarem num terreiro exigindo cachaça e outros estupefacientes, como maconha por exemplo, como alegam alguns que o façam as entidades da falange do Senhor Zé Pelintra, não são espíritos sérios, nem o serão os seus médiuns se forem iludidos. Estarão, entidade e médium errando e se complicando, pois nada se faz sob a vibração de excessos, estarão ainda desarmonizando a ambiência da gira. A maconha, sob a lei dos homens e na espiritualidade, é proibida, e a Umbanda é uma religião , e uma religião cuida da moral, da retidão e da consciência , no respeito à Lei de Ação e Reação.

Pode ocorrer que o médium se superestime, achando que seus guias o protegerão em quaisquer circunstâncias, e mesmo sendo usuário de álcool, fumo e drogas em excesso, mesmo não sendo disciplinado, alimentando-se de carne vermelha, não respeitando as horas de abstenção sexual, enfim, fiando-se que toda e qualquer indisciplina será superada pela força dos seus guias, poderão de uma hora para outra por eles ser abandonado, perdendo a mediunidade, perdendo as forças protetoras, e achar-se no meio de um grande vazio, e o pior, sob a regência das substâncias que o estão escravizando. Sua vida mediúnica será senão destruída, totalmente desarmonizada, e terá muito a resgatar, antes de tudo sua integridade e disciplina, sua humildade e sua Fé, voltando, se disporem, a um doloroso retorno.

De outro modo, há médiuns com intensa dedicação, que são trabalhadores incansáveis e de uma generosidade ímpar, com grande amor à Humanidade e seu coração é cheio de compaixão. Mas infelizmente, acham-se prisioneiros de algum vício. Neste caso, seus guias o protegerão ao máximo, e trilharão com ele enquanto o mesmo estiver na senda do serviço ao próximo, independente do carma que o mesmo estiver gerando para si. Provavelmente encontrarão em algum momento da vida, alguém que possa auxiliá-lo, já que muitas vezes não se sai sozinho de um vício. Estamos aqui para observar, aprender, discernir, nunca para julgar, atacar ou pregar falsa moral.

No Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, na questão 793, já podíamos observar: “Credes que estais muito adiantados porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojas e vestis melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e puderdes viver entre vós, como irmãos, praticando a caridade cristã. Até lá, sereis apenas povos esclarecidos, não tendo percorrido senão a primeira fase da civilização”.

O espírito André Luiz, no livro “Nos Domínios da Mediunidade”, psicografado pelo inesquecível Chico Xavier, alerta para os perigos da vampirização, pois uma vez que estamos sempre acompanhados, substâncias como fumo e álcool atrairão desencarnados com estas afinidades, que certamente aproveitarão e absorverão não só os eflúvios tóxicos como o ectoplasma do usuário. O que por certo atrapalha e muito, o desempenho de um médium, principalmente se for médium de terreiro de Umbanda, onde por si já é exigido um grau de doação ectoplasmática.

É importante ressaltar que os médiuns com problemas de dependência, precisarão de cuidados médicos, mas principalmente de cuidados espirituais, pois serão vítimas fáceis de obsessores, perseguidores, estarão fragilizados e necessitarão de grande proteção.

Se formos deixar os nossos queridos pretos velhos falarem a respeito, eles apenas falam que todos os séculos de cativeiro que sofreram nada significam se forem comparados àqueles a que são condenados ao cativeiro das drogas. Toda a dor, suplícios, troncos, fome, sede e frio, isto tudo ocorreu em um tempo pequeno, se comparado ao resgate deste tipo de flagelo.

Pensando nisso tudo, nesse momento, curvamo-nos aos pés de nossos Orixás. Pedimos aqueles que representam as Forças Maiores da realidade Cósmica, que velem cada filho desta Terra, seja ele ou não adepto das verdades da Vida Maior, acreditando ou não na Teoria das vidas sucessivas, na Lei da Reencarnação. Que possamos ser humildes instrumentos para minimizar as manchas que ainda turvam o Progresso da Vida terrestre. Que de alguma forma, mínima que for, estejamos conscientes das correntes energéticas que nos circundam e que possamos identificá-las, filtrando e usufruindo apenas aquilo que nos conduzir ao Bem e à Verdade. Que tenhamos discernimento, paciência, senso de justiça, operosidade, disposição para o Bem, seriedade sem perder a alegria e ação baseada na Fé raciocinada, estudo constante e um caminho reto no coração. Que as Sombras sejam afastadas, a Dor superada, e que tenhamos Força sempre para construir e reconstruir os caminhos. Que reconheçamos aqueles que estão conosco nesta caminhada, aqueles que nos acompanham e nos acompanharão pelos tempos incontáveis, tenhamos cuidado com aqueles que amamos, e respeito quando nos testarem, como instrumentos de Forças Redentoras. Que possamos sentir os Orixás e os seus emissários próximos a nós, sua Força reverberando em nossas almas, e guiados por sua Luz, sigamos construindo nossos caminhos, resgatando nossos carmas sem acumular outras dívidas, e, além disso, estendermos a mão para auxiliar a caminhada de quem está ao lado, de forma desassombrada, porque movidos pela Esperança e pela Fé.


PELO ESPIRITO PHILLERMON – TRANSCRITO PELO MÉDIUM ALEX DE OXÓSSI

Bebida e Fumo na Umbanda

A Umbanda é muito criticada pelo fato de suas entidades usarem o fumo e as bebidas nas sessões, os detratores aproveitando-se disto para taxarem as entidades de atrasadas ou primitivas.

O FUMO

O segredo e a utilização, desses elementos por parte de nossas entidades, o modo como a fumaça é dirigida (magia) tem o seu eró (segredo) e não é como muitos utilizam, para alimentar a vaidade, o vício e a...
ignorância.

O fumo é a erva mais tradicional da terapêutica psico-espiritual praticada em nossa religião.
Originário do mundo novo, os nativos fumavam o tabaco picado e enrolado em suas próprias folhas, ou na de outras plantas, conhecendo o processo de curar e fermentar o fumo, melhorando o gosto e o aroma.

Durante o período físico em que o fumo germina, cresce e se desenvolve, arregimenta as mais variadas energias do solo e do meio ambiente, absorvendo calor, magnetismo, raios infravermelhos e ultravioletas do sol, polarização eletrizante da lua, éter físico, sais minerais, oxigênio, hidrogênio, luminosidade, aroma, fluidos etéreos, cor, vitaminas, nitrogênio, fósforo, potássio e o húmus da terra.
Assim, o fumo condensa forte carga etérea e astral que, ao ser liberada pela queima, emana energias que atuam positivamente no mundo oculto, podendo desintegrar fluídos adversos à contextura perispiritual dos encarnados e desencarnados.

O charuto e o cachimbo, ou ainda o cigarro, utilizados pelas entidades filiadas ao trabalho de Oxalá são tão somente defumadores individuais. Lançando a fumaça sobre a aura, os plexos ou feridas, vão os espíritos utilizando sua magia em benefício daqueles que os procuram com fé.
Os solos com textura mais fina, com elevado teor de argila, produzem fumos mais fortes, como os destinados a charutos ou fumos de corda, enquanto os solos mais arenosos produzem fumos leves, para a fabricação de cigarros.

No fabrico dos charutos, as folhas, após o processo de secagem, são reunidas em manocas de 15 a 20 folhas e submetidas a fermentação, destinada a diminuir a percentagem de nicotina, aumentar a combustividade do fumo e uniformizar a sua coloração.

Os tipos de fumo mais utilizados na confecção dos charutos brasileiros são: Brasil-Bahia, Virgínia, Sumatra e Havana.

Nos trabalhos umbandistas a cigarrilha de odor especial é muito utilizada pelas Pombo giras e Caboclas.

Os cigarros são utilizados para fins mais materiais, normalmente relacionados com negócios financeiros.

Os charutos de fumo grosseiro e forte são peculiares à magia dos Exus, enquanto os charutos de fumo de melhor qualidade são usados por Caboclos.

Já os Pretos-Velhos dão preferência aos cachimbos, nos quais usam diversos tipos de mistura de ervas, como o alecrim, a alfazema e outros, além de utilizarem cigarros de palha, impregnando assim os elementos com a sua própria força espiritual, transformando o tradicional “pito” em um eficiente desagregador de energias negativas. Desta maneira, como o defumador, o charuto ou o cachimbo são instrumentos fundamentais na ação mágica dos trabalhos umbandistas executados pelas entidades. A queima do tabaco não traz nenhum vício tabagista, como dizem alguns, representando apenas um meio de descarrego, um bálsamo vitalizador e ativador dos chacras dos consulentes.

Vemos assim que, como ensinou um Pai Velho, “na fumaça está o segredo dos trabalhos da Umbanda”.

Geralmente os Guias não tragam a fumaça, utilizando-a apenas para “defumar” o ambiente e as pessoas através das baforadas, apenas enchem a boca com a fumaça e a expelem sobre o consulente ou para o ar.

A função principal é a de defumar aqueles que chegam até a entidade. Algumas entidades deixam de lado o fumo se a casa for defumada e mantiver sempre aceso algum defumador durante os trabalhos.

BEBIDAS

O álcool, tem emprego sério na Umbanda. Quando tomado aos goles, em pequenas quantidades, proporciona uma excitação cerebral ao médium, liberando-lhe grande quantidade de substâncias ativadoras cerebrais, acumulada como reserva nos plexos nervosos (entrelaçamento de muitas ramificações de nervos), a qual é aproveitada pelos guias, para poderem trabalhar no plano material.

Deste modo, quando o médium ingere pequena quantidade da bebida, suas ideias e pensamentos, brotam com mais e maior intensidade. É também uma forma em que a entidade se aproveita este momento para ter maior “liberdade de ação”.

Os exus são os que mais fazem uso da bebida. Isto se ao fato de, estas linhas utilizarem muito de energias etéricas, extraídas de matéria (alimentos, álcool, etc.), para manipulação de suas magias, para servirem como “combustível” ou “alimento”, encontrando então, uma grande fonte desta energia na bebida.

Estas linhas estão mais próximas às vibrações da Terra (faixas vibratórias), onde ainda necessitam destas energias, retiradas da matéria, para poderem realizar seus trabalhos e magias!
O marafo também é usado para limpar/descarregar pontos de pemba ou pólvora usados em descarregos.

O álcool por sua volatilidade tem ligação com o ar e pode ser usado para retirar energias negativas do médium.

Já o álcool consumido pelo médium também é dissipado no trabalho, ficando em quantidade reduzida no organismo.

O perigo nestes casos é o animismo, ou seja, o Médium consumir a bebida em grandes quantidades por conta própria e não na quantidade que o Guia acha apropriada. Nestes casos, pode ser que o Guia vá embora e deixe o médium sob os efeitos da bebida que consumiu sem necessidade.

MENORES DE IDADE

Se o médium for menor de idade, não se deve permitir que o guia use o fumo e a bebida quando incorporado. Trata-se de respeitar as leis vigentes e evitar que o nome da Umbanda seja associado a possíveis processos judiciais.

O mais indicado seria inclusive ter uma autorização dos responsáveis pelo menor para que ele possa participar dos trabalhos, especificando inclusive (se possível) os horários de início e término das mesmas.

O FUMO E A BEBIDA SÃO INDISPENSÁVEIS?

Podemos sim não utilizar fumo e bebidas. Estes elementos são ferramentas dos Guias para os trabalhos, que podem não ser utilizadas. Haverá uma diminuição da eficiência e rapidez do trabalho, mas ele será realizado também, mais devagar e de forma mais trabalhosa. Será como utilizar apenas as mãos para um determinado trabalho, possível, mas mais trabalhoso. É uma opção do médium, caso o médium não possa ou não queira fumar e beber, o Guia irá respeitar sua decisão.

Pode neste caso solicitar apenas que sejam feitas oferendas com estes elementos, ou que um copo com sua bebida seja deixado próximo a ele quando estiver trabalhando incorporado.

Retirado da Apostila de Umbanda do grupo Povo de Aruanda

sexta-feira, 5 de julho de 2013

OFERENDAS, O QUE SÃO? E PRA QUE SERVEM?


OFERENDAS

 
O que são?. São atos magísticos-religiosos que podem ter várias finalidades, tais como:



  1. Oferenda de agradecimento
  2. Oferenda de pedido de ajuda
  3. Oferenda de desmagiamento negativo
  4. Oferenda de descarrego
  5. Oferenda propiciatória
  6. Oferenda purificadora
  7. Oferenda ritual de firmeza de forças na natureza
  8. Oferenda ritual de assentamento de forças e poderes espirituais e dignos.

Comentemos cada uma dessas formas de oferendas:

Oferenda de agradecimento:

Esta oferenda é feita em função do auxilio já recebido.
Muitas vezes estamos envoltos em dificuldades de tal importância que nos ajoelhamos e ali, em nossa fé, invocamos Deus e algum dos seus mistérios ou divindades e pedimos-lhes que nos ajudem, que depois lhes ofertaremos algo em agradecimento.
Uns fazem promessas; outros prometem uma oferenda na natureza; outros prometem dar algum auxilio aos necessitados, etc.
“Cumprir o que foi prometido não é dar ou fazer algo por Ele e Elas, mas é fazermos algo para e por nós mesmos.”
Deus e as divindades não comem, mas, ao lhes ofertamos uma “ceia ritual”, estamos compartilhando nosso sucesso e nossa vitória, atribuindo-lhes o apoio para que elas acontecessem.
Ali, no momento de “comemoração”, estamos dizendo de forma simbólica que sem o Seu auxilio e delas não teríamos tido sucesso; estamos agradecendo-lhes; e estamos dando prova de nossa fé em seus poderes, reverenciando-os com o que lhes prometemos.


Oferenda de pedido de ajuda:

Esta oferenda vai desde uma vela acesa em um castiçal, pedestal ou altar até a ida a um ponto de forças da natureza…
“Ela é em si um ato de fé no poder de realização das forças e dos poderes das entidades de Umbanda Sagrada. 
-Forças são espíritos hierarquizados.
-Poderes são as divindades de Deus. 
As Forças estão assentadas nos pontos de forças da natureza e estão à nossa direita e à nossa esquerda.
Os Poderes estão assentados no alto e, nos pontos de forças da natureza, quando invocados ficam de frente para nós ouvindo e anotando mentalmente nossos pedidos que, se forem justos e do nosso merecimento, com certeza serão realizados a nosso favor e benefício…”  


Oferenda de desmagiamento:

Esta oferenda deve ser feita sempre que estivermos magiados por trabalhos pesados, difíceis de serem desmanchados e anulados dentro do Centro de Umbanda.
Há trabalhos de magia negativa que são fáceis de ser cortados, desmanchados e anulados. Mas há outros de tal monta que, se forem mexidos, desencadeiam reatividades incontroláveis.
Nesses casos, a ação recomendada é a pessoa magiada ir até a natureza e, dentro de um ponto de forças, invocar alguma (s) força espiritual ou algum (s) poder divino e confiar-lhe a neutralização e a anulação dessas magias complicadíssimas e muito perigosas.
“… explosão de uma reatividade muito intensa dentro de um centro pode afetar seus campos protetores de dentro para fora, fato este que abre buracos neles, pelos quais começam e entrar hordas de espíritos perturbadores. Há centros de Umbanda cujos campos protetores estão totalmente esburacados e seu interior é “pesadíssimo”.
 


Oferenda de descarrego:
 
Esta oferenda deve ser feita nos pontos de forças e de poderes da natureza para que ali aconteçam os mais variados tipos de descarregos, que vão desde espíritos desequilibrados até quebrantos e mau-olhado.
O descarrego não se refere só ao que projetam contra nós, mas pode ser usado para nos livrar do que atraímos com pensamentos de baixa qualidade.
Quando estamos vibrando em nosso íntimo sentimentos negativos, nosso magnetismo mental se negativa e baixamos nossas vibrações, imediatamente começamos a nos ligar por finíssimos cordões com espíritos desequilibrados, também vitimas dos seus sentimentos negativos. Essas ligações acontecem devido à lei das Afinidades, que nos ensina que semelhantes se atraem.
É impossível transportar para dentro de um centro de Umbanda milhares de espíritos desequilibrados. Então, os Guias recomendam que as pessoas nessas condições negativas façam ali, no campo de uma divindade, um descarrego completo, livrando-a de encostos e obsessores espirituais.
 


Oferenda propiciatória:
 
Esta oferenda tem a função de desencadear ações das divindades e das forças da natureza que gerarão “para a pessoa que a fizer” a devolução do que lhe foi tirado por magias negativas ou do que ela perdeu por incúria e desleixo para com a vida espiritual. Por meio de magias negativas são tirados a saúde, a prosperidade, as forças espirituais, a harmonia, a paz, o equilíbrio, o ânimo, a criatividade, a convicção, a crença, a religiosidade, a alegria, o humor, o desejo, o vigor, a esperança, etc…
“…Elas atingem também os campos e seu lado espiritual, bloqueando-lhes o raciocínio e o discernimento.”
São tantas as possibilidades de perdas que o melhor a ser feito é um bom descarrego em um ponto de forças da natureza e, depois de sete dias, a pessoa deve fazer uma oferenda propiciatória às forças e aos poderes do mesmo ponto de forças da natureza ou em outro, caso seja o mais adequado para repor-lhe o que lhe foi tirado ou o que perdeu por incúria e desleixo para com a espiritualidade.
 


Oferenda purificadora:
 
Esta oferenda destina-se à limpeza áurica e energética.
Geralmente é feita à beira-mar, em cachoeiras, nas matas, nos rios e em cemitérios. Nos pontos de forças da natureza e nos cemitérios existem vórtices específicos que têm por função absorver energias negativas espirituais geradas por nós.
As oferendas purificadoras devem ser feitas sempre que sentirmos que estamos sobrecarregados.
 


Oferenda ritual para firmeza de forças da natureza:
 
Esta oferenda é feita a pedido das entidades (guias espirituais e Orixás) para que possam nos auxiliar a partir dos pontos de forças e quando queremos ter uma força (espiritual, natural ou divina) atuando em nosso benefício.
“…Toda oferenda tem uma finalidade e a oferenda ritual atual como uma chave de abertura e de religação do médium com o Orixá regente do ponto de forças e com as forças espirituais, naturais e divinas assentadas nele que, a partir daí, reconhecem no médium alguém que pode entrar e sair do ponto de força sem outros procedimentos, a não ser um respeitoso pedido de licença, para nele trabalhar.”  

Oferenda ritual de assentamento de forças e poderes espirituais e dignos:

 Os médiuns devem fazer de tempo em tempo uma oferenda ritual a um Orixá no seu ponto de forças da natureza e após ter sido entregue, deve fazer outras duas:uma para um guia espiritual da direita e outra para uma da esquerda, ambos membros das hierarquias espirituais regidas pelo Orixá.
Com isso feito, o médium firma um triangulo de forças e poderes: o Orixá no alto; o Caboclo na direita; o Exu na esquerda.
A firmeza desse triangulo de forças fecha um campo protetor do médium e este poderá recorrer a ele sempre que se sentir necessitado.
 



Fonte: SARACENI, Rubens – Rituais umbandistas: oferendas, firmezas e assentamentos, São Paulo, Ed. Madras, 2007 pg. 13 - 22



quarta-feira, 3 de julho de 2013

O choro dos Orixás



Tristeza dos Orixás
 


 Foi, não há muito tempo atrás, que essa história aconteceu. Contada aqui de uma forma romanceada, mas que trás em sua essência, uma verdadeira mensagem para os umbandistas…
... Ela começa em uma noite escura e assustadora, daquelas de arrepiar os pelos do corpo.
Realmente o Sol tinha escondido – se nesse dia, e a Lua, tímida, teimava em não iluminar com seus encantadores raios, brilhosos como fios de prata, a morada dos Orixás.
Nessa estranha noite, Ogum, o Orixá das “guerras”, saiu do alto ponto onde guarda todos os caminhos e dirigiu – se ao mar. Lá chegando, as sereias começaram a cantar e os seres aquáticos agitaram – se. Todos adoravam Ogum, ele era tão forte e corajoso.
Iemanjá que tem nele um filho querido, logo abriu um sorriso, aqueles de mãe “coruja” quando revê um filho que há tempos partiu de sua casa, mas nunca de sua eterna morada dentro do coração:
-Ah Ogum, que saudade, já faz tanto tempo! Você podia vir visitar mais vezes sua mãe, não é mesmo? _ ralhou Iemanjá, com aquele tom típico de contrariedade.
-Desculpe, sabe, ando meio ocupado_ Respondeu um triste Ogum.
-Mas, o que aconteceu? Sinto que estás triste.
-É, vim até aqui para “desabafar” com você “mãezinha”. Estou cansado! Estou cansado de muitas coisas que os encarnados fazem em meu nome. Estou cansado com o que eles fazem com a “ espada da Lei” que julgam carregar. Estou cansado de tanta demanda. Estou muito mais cansado das “supostas” demandas, que apenas existem dentro do íntimo de cada um deles…Estou cansado…
Ogum retirou seu elmo, e por de trás de seu bonito capacete, um rosto belo e de traços fortes pôde ser visto. Ele chorava. Chorava uma dor que carregava há tempos. Chorava por ser tão mal compreendido pelos filhos de Umbanda.
Chorava por ninguém entender, que se ele era daquele jeito, protetor e austero, era porque em seu peito a chama da compaixão brilhava. E, se existe um Orixá leal, fiel e companheiro, esse Orixá é Ogum. Ele daria a própria Vida, por cada pessoa da humanidade, não apenas pelos filhos de fé. Não! Ogum amava a humanidade, amava a Vida.
Mas infelizmente suas atribuições não eram realmente entendidas. As pessoas não viam em sua espada, a força que corta as trevas do ego, e logo a transformavam em um instrumento de guerra. Não vinham nele a potência e a força de vencer os abismos profundos, que criam verdadeiros vales de trevas na alma de todos. Não vinham em sua lança, a direção que aponta para o autoconhecimento, para iluminação interna e eterna.
Não! Infelizmente ele era entendido como o “Orixá da Guerra”, um homem impiedoso que utiliza – se de sua espada para resolver qualquer situação. E logo, inspirados por isso, lá iam os filhos de fé esquecer dos trabalhos de assistência a espíritos sofredores, a almas perdidas entre mundos, aos trabalhos de cura, esqueciam do amor e da compaixão, sentimentos básicos em qualquer trabalho espiritual, para apenas realizaram “quebras e cortes” de demandas, muitas das quais nem mesmo existem, ou quando existem, muitas vezes são apenas reflexos do próprio estado de espírito de cada um. E mais, normalmente, tudo isso torna – se uma guerra de vaidade, um show “pirotécnico” de forças ocultas. Muita “espada”, muito “tridente”, muitas “armas”, pouco coração, pensamento elevado e crescimento espiritual.
Isso magoava Ogum. Como magoava:
- Ah, filhos de Umbanda, por que vocês esquecem que Umbanda é pura e simplesmente amor e caridade? A minha espada sempre protege o justo, o correto, aquele que trabalha pela luz, fiando seu coração em Zambi. Por que esquecem que a Espada da Lei só pode ser manuseada pela mão direita do amor, insistindo em empunhá-la com a mão esquerda da soberbia, do poder transitório, da ira, da ilusão, transformando – na em apenas mais uma espada semeadora de tormentos e destruição…
Então, Ogum começou a retirar sua armadura, que representava a proteção e firmeza no caminho espiritual que esse Orixá traz para nossa vida. E totalmente nu ficou frente à Iemanjá. Cravou sua espada no solo. Não queria mais lutar, não daquele jeito. Estava cansado…
Logo um estrondo foi ouvido e o querido, mas também temido Tatá Omolu apareceu. E por incrível que pareça o mesmo aconteceu. Ele não aguentava mais ser visto como uma divindade da peste e da magia negativa. Não entendia, como ele, o guardião da Vida podia ser invocado para atentar contra Ela. Magoava – se por sua alfanje da morte, que é o princípio que a tudo destrói, para que então a mudança e a renovação aconteçam, ser tão temida e mal compreendida pelos homens.
Ele também deixou sua alfanje aos pés de Iemanjá, e retirou seu manto escuro como a noite. Logo via – se o mais lindo dos Orixás, aquele que usa uma cobertura para não cegar os seus filhos com a imensa luz de amor e paz que irradia – se de todo seu ser. A luz que cura, a luz que pacifica, aquela que recolhe todas as almas que perderam – se na senda do Criador. Infelizmente os filhos de fé esquecem disso…
De repente um trovão se ouviu e era Xangô com seu machado e sua coroa. Triste e desanimado também depositou suas vestes perante Iemanjá, disse que não aguentava mais a distorção de suas leis, e o não entendimento dos encarnados da vontade divina. Eles esquecem de quem deve paga e quem merece recebe…
Após o acontecido de Xangô um vendaval soprou e com ele vinha Oxóssi o senhor da mata, e muito abatido despiu-se e entregou sua flechas, disse que não aguentava mais ser referenciado como um Orixá da caça apenas, e sim queria ser lembrado como grande doutrinador, e caçador sim das almas insubmissas.
Mas o mais incrível estava por acontecer. Uma tempestade começou a desabar aumentando ainda mais o aspecto incrível e tenebroso daquela estranha noite. E todos os outros Orixás começaram a aparecer, para logo, começarem também a despir suas vestimentas sagradas, além de deixarem ao pé de Iemanjá suas armas e ferramentas simbólicas.
Faziam isso em respeito a Ogum, Omolu, Xangô e Oxóssi. Quatro Orixás muito mal compreendidos pelos umbandistas. Faziam isso por si próprios.
Iansã queria que as pessoas entendessem que seus ventos sagrados são o sopro de Zambi, que espalha as sementes de luz do seu amor. Oxum queria ser lembrada como a senhora do amor puro e não da sensualidade desordenada, Nanã queria ser lembrada como a senhora da renovação e não da morte como alguns pregam.
Um a um, todos foram despindo – se e pensando quanto os filhos de Umbanda compreendiam erroneamente os Orixás.
Iemanjá, totalmente surpresa e sem reação, não sabia o que fazer. Foi quando uma irônica gargalhada cortou o ambiente. Era Exu. O controvertido Orixá das encruzilhadas, o mensageiro, o guardião, também chegava para a reunião, acompanhado de Pomba-gira, sua companheira eterna de jornada.
Mas os dois estavam muito diferentes de como normalmente apresentam – se. Andavam curvados, como que segurando um grande peso nas costas. Tinham na face, a expressão do cansaço. Mas, mesmo assim, gargalhavam muito. Eles nunca perdiam o senso de humor!
E os dois também repetiram aquilo que todos os Orixás foram fazer na casa de Iemanjá. Despiram – se de tudo. Exu e Pomba-gira, sem dúvida, eram os que mais razões tinham de ali estarem. Inúmeros eram os absurdos cometidos por encarnados em nome deles. Sem contar o preconceito, que o próprio umbandista ajudou a criar, dentro da sociedade, associando – o a figura do Diabo:
-Hahaha, lamentável essa situação, hahaha, lamentável! _ Exu chorava, mas Exu continuava a sorrir. Essa era a natureza desse querido Orixá.
Iemanjá estava desesperada! Estavam todos lá, pedindo a ela um conforto. Mas nem mesmo a encantadora Rainha do Mar sabia o que fazer:
Espere!_ pensou Iemanjá!_ Oxalá, Oxalá não está aqui! Ele com certeza saberá como resolver essa situação.
E logo Iemanjá colocou – se em oração, pedindo a presença daquele que é o Rei entre os Orixás. Oxalá apresentou – se na frente de todos. Trazia seu cajado que sustenta o mundo. Cravou ele na Terra, ao lado da espada de Ogum. Também despiu – se de sua roupa sagrada, pra igualar – se a todos, e sua voz ecoou pelos quatro cantos do Orun:
-Zambi manda uma mensagem a todos vocês meus irmãos queridos! Ele diz para que não desanimem, pois, se poucos realmente os compreendem, aqueles que assim o fazem, não medem esforços para disseminar essas verdades divinas. Fechem os olhos e vejam, que mesmo com muita tolice e bobagem relacionada e feita em nossos nomes, muita luz e amor também está sendo semeado, regado e colhido, por mãos de sérios e puros trabalhadores nesse às vezes triste, mas abençoado planeta Terra. Esses verdadeiros filhos de fé que lutam por uma Umbanda séria, sem os absurdos que por aí acontecem. Esses que muito além de “apenas” prestarem o socorro espiritual, plantam as sementes do amor dentro do coração de milhares de pessoas. Esses que passam por cima das dificuldades materiais, e das pressões espirituais, realizando um trabalho magnífico, atendendo milhares na matéria, mas também, milhões no astral, construindo verdadeiras “bases de luz” na crosta, onde a espiritualidade e religiosidade verdadeira irão manifestar-se. Esses que realmente nos compreendem e buscam – nos dentro do coração espiritual, pois é lá que o verdadeiro Orun reside e existe. Esses incríveis filhos de umbanda, que não colocam as responsabilidades da vida deles em nossas costas, mas sim, entendem que tudo depende exclusivamente deles mesmos. Esses fantásticos trabalhadores anônimos, soltos pelo Brasil, que honram e enchem a Umbanda de alegria, fazendo a filhinha mais nova de Olorum brilhar e sorrir…
Quando Oxalá calou – se os Orixás estavam mudados. Todos eles tinham suas esperanças recuperadas, realmente viram que se poucos os compreendiam, grande era o trabalho que estava sendo realizado, e talvez, daqui algum tempo, muitos outros juntariam – se nesse ideal. E aquilo alegrou – os tanto que todos começaram a assumir suas verdadeiras formas, que são de luzes fulgurantes e indescritíveis. E lá, do plano celeste, brilharam e derramaram – se em amor e compaixão pela humanidade.
Em Aruanda, os caboclos, pretos– velhos e crianças, o mesmo fizeram. Largaram tudo, também despiram – se e manifestaram sua essência de luz, sua humildade e sabedoria comungando a benção dos Orixás.
Na Terra, baianos, marinheiros, boiadeiros, ciganos e todos os povos de Umbanda, sorriam. Aquelas luzes que vinham lá do alto os saudavam e abençoavam seus abnegados e difíceis trabalhos. Uma alegria e bem – aventurança incríveis invadiram seus corações. Largaram as armas. Apenas sorriam e abraçavam – se. O alto os abençoava…
Mas, uma ação dos Orixás nunca fica limitada, pois é divina, alcançando assim, a tudo e a todos. E lá no baixo astral, aqueles guardiões e guardiãs da lei nas trevas também foram alcançados pelas luzes Deles, os Senhores do Alto. Largaram as armas, as capas, e lavaram suas sofridas almas com aquele banho de luz. Lavaram seus corações, magoados por tanta tolice dita e cometida em nome deles. Exus e Pomba-gira, naquele dia foram tocados pelo amor dos Orixás, e com certeza, aquilo daria força para mais muitos milênios de lutas insaciáveis pela Luz.
Miríades de espíritos foram retirados do baixo – astral, e pela vibração dos Orixás puderam ser encaminhados novamente à senda que leva ao Criador. E na matéria toda a humanidade foi abençoada. Aos tolos que pensam que Orixás pertencem a uma única religião ou a um povo e tradição, um alerta. Os Orixás amam a humanidade inteira, e por todos olham carinhosamente.
Aquela noite que tinha tudo para ser uma das mais terríveis de todos os tempos, tornou – se benção na vida de todos. Do alto ao embaixo, da esquerda até a direita, as egrégoras de paz e luz deram as mãos e comungaram daquele presente celeste, vindo diretamente do Orun, a morada celestial dos Orixás.
Vocês, filhos de Umbanda, pensem bem! Não transformem a Umbanda em um campo de guerra, onde os Orixás são vistos como “armas” para vocês acertarem suas contas terrenas. Muito menos esqueçam do amor e compaixão, chaves de acesso ao mistério de qualquer um deles. Umbanda é simples, é puro sentimento, alegria e razão. Lembrem – se disso.
E quanto a todos aqueles, que lutam por uma Umbanda séria, esclarecida e verdadeira, independente da linha seguida, lembrem – se das palavras de Oxalá ditas linhas acima.
Não desanimem com aqueles que vos criticam, não fraquejem por aqueles que não tem olhos para ver o brilho da verdadeira espiritualidade.
Lembrem – se que vocês também inspiram e enchem os Orixás de alegria e esperança. A todos, que lutam pela Umbanda nessa Terra de Orixás, esse texto é dedicado. Honrem-los. Sejam luz, assim como Eles

SALVE SÃO JOÃO E SÃO PEDRO, SALVE NOSSO PAI XANGÔ



JUSTIÇA E EQUILIBRIO
 
 
A justiça é a virtude de dar a cada um aquilo que é de seu merecimento. Deus é justo e gera tudo com equilíbrio. No sentido da justiça todos nós temos os mecanismos mentais necessários para desenvolvermos condutas equilibradas e adquirirmos posturas pessoais sensatas e racionais, anulando nossa emotividade e nosso instinto primitivo. Para isso, somos dotados de livre-arbítrio, quando encarnados.
A qualidade da Justiça Divina, equilibradora, é manifestada pelo orixá Xangô, que purifica nossos sentimentos com sua irradiação incandescente, abrasadora e consumidora das emotividades. Xangô é a força coesiva que dá sustentação a tudo. Ele está na Natureza como o próprio equilíbrio, tanto na estrutura de um átomo quanto no Universo e em tudo que nele existe.
 
 
 
Quem absorve a qualidade de pai Xangô, torna-se racional, ajuizado, ótimo equilibrador do seu meio e dos que vivem a sua volta. A escolha racional nos leva ao equilíbrio da alma, pelo conhecimento da lei que nos rege e nos diz o que é certo e o que é errado na vida. Essa Lei não é cega nem falível, pois se ensinarmos errado, seremos colhidos por ela, que exige muito de quem conhece os mistérios da razão. Mas, se trilharmos no equilíbrio da Lei, iremos adquirir uma Fé inabalável no que fazemos e no que falamos e nada será feito ou dito em vão; tudo terá sua razão de ser. É isso que faz com que aqueles que já adquiriram o seu equilíbrio e se tornaram conhecedores da Lei sacrifiquem-se em benefício dos semelhantes, sem nada esperar em troca. Tudo se resume em servir a sua família, ao seu círculo familiar, à sua comunidade, tanto civil quanto religiosa, a servir a Deus.
 
Quanto às pessoas instintivas, não desenvolveram os sensos de Justiça e a vida delas se resume a uma permanente busca de satisfação pessoal, mesmo que à custa dos semelhantes. Uma pessoa instintiva costuma procurar essa satisfação em todos os sentidos da vida e tudo tem de ser para ela e por ela, senão se sentirá preterida ou injustiçada e torna-se intolerante e mesquinha.
 
A emotividade não suporta nenhum tipo de contrariedade, levando-nos a ver qualquer ação refreadora como ofensa pessoal, por isso deve ser contida pelo sentido equilibrador da Justiça. Assim, não nos tornamos pessoas que se sentem injustiçadas pelos semelhantes, inferiorizadas, abandonadas, traídas e menosprezadas. Nossa emotividade e nosso instinto primitivo devem ser transmutados lentamente em senso, em razão e equilíbrio, senão nos tornamos egoístas, possessivos, vingativos, intransigentes e intolerantes com nossos semelhantes e conosco.
 
Quando se torna um equilibrador de seus semelhantes é porque descobriu o sentido da vida.

 
Que Pai Xangô nos equilibre a todos!

 
Salve nosso Pai Xangô