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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Eu sou umbandista, só umbandista e você??

SOU UMBANDISTA, APENAS UMBANDISTA!!!ESTA É A MINHA VERDADE!!!

 
 
 
 
 
Por Alexandre Cumino
 
   Não vemos católicos que são judeus, não vemos muçulmanos pentecostais, não vemos budistas jainistas. No entanto, vemos umbandistas que são candomblecistas, umbandistas católicos, umbandistas espíritas, umbandistas evangélicos e etc. Muito curioso, praticar duas religiões que tenham fundamentos totalmente diversos.
   Sou umbandista, apenas umbandista, pois a Umbanda me basta em todos os sentidos e expectativas.
   Pertencer a uma religião é ter seus valores como valores de sentido para nossa vida. Viver com valores dissonantes é ter uma vida com caminhos dissonantes. Cada religião tem uma egrégora de energia própria e nem sempre as egrégoras se complementam. Pelo contrário, muitas vezes se chocam, por conta de seus valores e convicções diversos.
   Pertencer a muitas religiões não é como fazer muitos cursos e pendurar seus diplomas na parede. Cada religião chama, e algumas exigem, que seu adepto assuma seus valores em um caráter confessional, ou seja, confissão de fé, aceitação de que ali está a sua verdade. Fica a pergunta: onde está a sua verdade, onde está seu coração?
   Pertencer a muitas religiões pode criar uma hipocrisia religiosa, pois num dia da semana você nega os valores que prega no outro dia da semana.
   Múltipla pertença religiosa tem sido usado como rótulo para dizer que é mais descolado, mais espiritualizado. O que não corresponde a verdade. O mais espiritualizado é aquele que vai mais fundo dentro de si mesmo para vencer suas dores e dificuldades, e logo se torna melhor para todos ao seu redor, por se tornar alguém mais bacana, mais agradável, mais feliz, mais realizado.
   Usamos palavras como humildade, paciência e desprendimento para rotular quem é mais espiritualizado.
   Talvez por isso, os interessados em ser mais espiritualizados vão forjando uma imagem de si mesmos, forjando uma máscara social de mocinhos e mocinhas da luz... este é o “ego espiritualizado”, uma hipocrisia espiritual.
   Ser espiritualizado é ser você mesmo antes de tudo e tomar consciência da vida material, espiritual, mental e emocional, tudo junto. Mesmo porque, querer ser espiritual, negando o corpo e a mente, é um erro cometido por religiões repressoras que prometiam o céu a quem negasse tudo que existe no mundo.
   Mesmo nos dedicando muito a uma única religião, ainda assim não é fácil ter um aprofundamento da mesma em nossa alma e espírito, o que dirá praticando muitas. Não se consegue ter profundidade em nenhuma, fica sendo algo superficial. Nos enchemos de coisas e elementos externos para tentar tapar um buraco existencial: nossos medos e fraquezas.
   Existem muitas religiões, porque existem muitas formas diferentes de entrar em contato com o sagrado, com o divino, e cada grupo de pessoas se identifica com uma forma, ou cria uma nova forma de sentir e expressar sua espiritualidade.
   A Umbanda, por se tratar de uma religião nova, que nasceu no mundo moderno e se desenvolve no mundo pós-moderno e contemporâneo, é muito moderna, inovadora, aberta, evolucionista e inclusiva. A Umbanda nos oferece uma quantidade infinita e inesgotável de recursos. A incorporação e o passe mediúnico são apenas dois dos inesgotáveis recursos da religião. O fato é que subestimamos a Umbanda e muitos, na primeira dificuldade, procuram uma outra religião, ou o sacerdote de outra religião para lhe orientar e este vai lhe cuidar segundo fundamentos de outra religião. O correto seria ter paciência e confiar em seus guias de Umbanda. Se aprofundar e buscar respostas no lugar onde mora a sua verdade. Descobrir que a Umbanda tem fundamentos e recursos que vão se abrindo e se apresentando de acordo com nossas necessidades. Ao longo de muitos anos, vários recursos vão se abrindo dentro da religião, muitos mistérios se descortinam, mas primeiro é preciso aprender o básico.
 
O que é Umbanda?
Qual é a minha religião?
Quais seus fundamentos básicos?
Qual o por quê de cada gesto ritual, de sua liturgia?
Qual é a sua magia, por que tantos elementos?
 
   Dentro da umbanda, existe um ambiente mais interno de iniciações na força dos Orixás, existe uma apresentação formal de muitas linhas de trabalho (caboclos, pretos velhos... etc), que se apresentam a quem queira se aprofundar no conhecimento sacerdotal. Por isso e muito mais, estudamos Teologia de Umbanda Sagrada e Sacerdócio de Umbanda Sagrada. Porque queremos mais, muito mais, da NOSSA RELIGIÃO, da religião de UMBANDA. Queremos muito, mas muito mais mesmo, que apenas ir ao terreiro uma vez por semana “fazer nossa obrigação”, ou “fazer a caridade”. Tudo rotulado, bonitinho, mecanicamente autômato. Estamos e continuamos comprando um pedaço do céu, agora chamado Aruanda. Muitos continuam católicos, no inconsciente, continuam espíritas, continuam com velhos paradigmas e perdem a oportunidade de ir mais fundo na Umbanda, estão presos na margem, na superfície, no raso. Vamos fundo na Umbanda, com a Umbanda e para a Umbanda.
 
EU SOU UMBANDISTA E VOCÊ??

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Os Procedimentos de Umbanda

Os Procedimentos de Umbanda

Escrito por Rubens Saraceni.
 
      
   A doutrina de Umbanda estimula os procedimentos corretos e incorporou aqueles mais afins com a própria natureza divina dos Orixás.
   A um médium é solicitado que conheça o mínimo indispensável para que possa realizar as práticas de Umbanda e seus rituais. Também é exigido que se estude um pouco, porque só assim entenderá tudo o que acontece dentro de um templo de Umbanda durante a realização das giras de trabalho.
   Cada religião tem seus paramentos ou suas vestes litúrgicas, e a Umbanda também tem os seus: vestes brancas.
Por que o branco é a cor preferencial da Umbanda?
   O branco é a cor de Oxalá, o regente da Fé no Ritual de Umbanda sagrada.      
   Logo, como a fé é o mistério religioso por excelência, o astral tem estimulado o uso dos paramentos brancos. O simbolismo da veste branca é bem visível, além de permitir uma uniformidade na apresentação do corpo mediúnico.
   Mas, se alguém se veste de branco e assume o grau de médium, dele também se exige que purifique seu íntimo, reformule seus antigos conceitos com relação à religiosidade e se porte de acordo com o que dele esperam os Orixás sagrados, pois serão estes que o ampararão daí em diante.
   A doutrina de Umbanda tem por objetivo primeiro o auxílio espiritual, e estimula o despertar da consciência religiosa nos médiuns. Os doutrinadores sabem que têm que ser pacientes, pois precisam lidar com pessoas oriundas de outras religiões, nas quais já desenvolveram uma consciência mais ou menos de acordo com o que pregam suas doutrinas.
   A doutrina tem como um dos seus procedimentos basilares nunca obrigar alguém a renegar a religião que praticava, pois nenhuma religião deve ser renegada ou criticada.
   O universalismo adotado pela doutrina de Umbanda não permite críticas às outras religiões, tampouco obriga alguém a renegar sua antiga crença.
   Quem proceder de outra forma não é ainda um verdadeiro médium de Umbanda Sagrada, a mais ecumênica das religiões. Em seus templos manifestam-se espíritos trazendo ainda vibrantes as suas antigas formações religiosas que lhes possibilitaram a ascensão espiritual aos níveis superiores da luz. Manifestam-se espíritos vindos de todas as outras religiões e regiões do planeta. Uns são hindus, outros são árabes, outros são judeus, budistas, cristãos... e até índios brasileiros e negros africanos, os seus fundadores espirituais. Logo, dentro dos procedimentos recomendados está o de absterem-se de qualquer crítica a outras religiões ou de alimentarem preconceitos religiosos mesquinhos.
   Outro procedimento recomendado é respeitar os templos de todas as religiões e seus espaços religiosos, pois, aquele que na respeita a casa alheia não respeita a própria.
   Se não consegue ver em um templo alheio uma morada de Deus, então não é digno de dizer que, no seu templo, Ele habita. Em verdade, onde as pessoas se reúnem para louvar a Deus, Ele ali se estabelece e se manifesta, não importando que O invoquem com outros nomes que não o de “Olorum” ou “Zambi”. Deus é único e os nomes que Lhe dão são apropriações humanas de Suas qualidades divinas manifestadas a todos o tempo todo. Afinal, Ele é tudo em Si mesmo e temos de invocá-Lo por um nome que mais nos fale ao coração, certo?
   Outros procedimentos recomendados, e já bastante divulgados, são relativos às práticas rituais:

• Em dia de trabalhos mediúnicos, não se deve comer alimentos de difícil digestão ou ingerir bebidas alcoólicas, pois estas entorpecem a mente a anulam a percepção extrassensorial, assim como abrem o campo mediúnico às vibrações negativas e estimulam o emocional dos médiuns;
• a mediunidade só deve ser desenvolvida com o recurso da concentração dos cantos rituais e dos atabaques, e nunca com o concurso de qualquer produto alucinógeno, o qual cria delírios emocionais e animismos;
• médium desequilibrado deve ser afastado do corpo mediúnico e encaminhado para tratamento médico-psicológico e espiritual;
• médium alcoolizado, ainda que minimamente, não deve realizar trabalhos práticos, ou deles participar;
• médium que não realizar a higiene espiritual e pessoal, tal como banho com ervas, não firmar uma vela para o seu anjo da guarda, não firmar sua esquerda e direita etc. não está apto a realizar um bom trabalho mediúnico. Nessa higiene pessoal inclui-se a bucal, pois não há coisa mais desagradável que um consulente ter que suportar o mau hálito de um médium relapso;
• estar sempre vestido com roupas limpíssimas;
• portar-se com respeito e silêncio dentro das tendas – espaços consagrados às divindades e aos rituais religiosos praticados dentro da Umbanda.

Texto extraído do livro “Código de Umbanda” - Rubens Saraceni - Editora Madras

sábado, 3 de novembro de 2012

NOSSO CANTINHO DE FÉ

Posto aqui para que vocês possam conhecer nosso humilde espaço, nosso cantinho de fé.


Nosso Congá
Nossa Casa



Refugio dos Caboclos


Casa das Almas
Casinha das Crianças




Cantinho da Malandragem


Firmeza do Anjo da Guarda

Firmeza da Tronqueira




Venham nos fazer uma visita:
Casa Umbandista de Oração Ogum Iara
Rua São Calisto, 621 - Taquara, Rio de Janeiro
Giras de atendimento as segundas-Feiras a partir das 20 hs 
Esperamos por Vocês.
SARAVA E MUITO AXÉ



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

UMBANDISTA FAZ OFERENDA OU FAZ SUJEIRA??

UMBANDISTA FAZ OFERENDA OU FAZ SUJEIRA??


   Esta é uma questão muito polemica entre os religiosos de umbanda, o que deixamos na natureza, ou seja, nos sítios energéticos e pontos de força dos Orixás, são oferendas ou poluição??

    Isso depende de que forma tratamos esse ato ritualístico importante na prática de nossa religião, que é naturalística, ou seja, cultua a natureza e suas forças como divindades, respeitando seus locais naturais.
   Bem o que estou tentando passar e que podemos oferendar nossos queridos Orixás e Entidades com a preocupação de não profanar com lixo nossos locais sagrados.
    Como assim?? Você pode perguntar: Recolhendo todo o material levado e não utilizados na oferenda, com sacos plásticos, embalagens, entre outros. Substituindo copos, pratos, louças e alguidares, por materiais mais biodegradáveis como coité feito de casca de coco, ou copos feitos de bambu e etc. Ou até mesmo oferendar sobre folhas do próprio local por exemplo.
    Existem varias maneiras e só criarmos o habito de nos preocuparmos com o que há de mais importante, a natureza que são os próprios Orixás.

   SUJIRO AOS AMIGOS UMBANDISTAS, UMA CAMPANHA PARA CRIAR IDEIAS SUJESTIVAS NA SUBSTITUIÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS EM NOSSAS OFERENDAS POR MATERIAIS MENOS POLUENTES.

   Abaixo posto uma sugestão: uma gamela feita com gomos de uma bananeira, linha e muita criatividade minha( modéstia parte). A bananeira utilizada foi cortada apos a retirada do cacho ( a planta morre apos a colheita) preservando suas filhas. Esta gamela pode ser utilizada para acomodar as "comidas" para todos os Orixas e entidades, inclusive para Exus que são mais exigentes em suas oferendas, Não ha quizilas para esta fruta e nem seus derivados. Aproveitem, CRIEM e me enviem por e-mail suas ideias e postarei no blog, o e-mail está no meu perfil.





abaixo um texto de autoria de Rodrigo Queiroz, boa leitura

por Rodrigo Queiroz – Revista Umbanda Sagrada


Na prática da Umbanda, a oferenda é um dos atos mais sagrados de conexão entre fiel e Divindade.
Toda religião tem sua prática ofertatória, quer seja uma fruta no Congá ou até uma nota de R$ 10,00 no envelope. Não importa, este é um ato de oferta, um ato de fé e cada religião tem a sua leitura própria de como deve ser esta prática.
Nas religiões naturais, de culto a Deus e Divindades na natureza, no geral estas religiões tem como pratica ofertatória a oferenda daquilo que vem da natureza, ou seja, flores, frutos, grãos etc.
A Umbanda é uma religião natural, ela entende a natureza física como pontos de força, santuário natural, sítio sagrado ou mesmo casa dos Orixás. E encontramos variadas formas de oferendas, tem oferenda para tudo, para energização, para descarrego, para abertura de caminhos, para prosperidade, para amor e por aí vai. O fato é que oferenda está presente no dia a dia do Umbandista.
Já que é tão comum o ato ofertatório e prioncipalmente depositado na natureza ou nos pontos de força, como: cachoeira, mata, bosque, mar, encruzilhada... Fica a pergunta: o Umbandista foi sendo preparado para ter consciência ambiental ?
Nunca se falou tanto em meio ambiente, efeito estufa, caos planetário como nestes últimos anos. Todavia se não fosse algo tão sério não se falaria tanto. Claro que podemos ajudar muito fazendo cada um a sua parte, como diminuir o tempo do banho, selecionar o lixo, diminuir o uso do carro, etc.
Mas é realmente preocupante o que fazem por aí os Umbandista e demais religiões quando entram na natureza para uma prática sagrada e acabam profanando o espaço sagrado. É isso mesmo, profanando !
Você já observou a quantidade de lixo que fica no pé da árvore ? Na beira do rio ?
Assustado ? Como é que falo lixo ???
Sim, é lixo mesmo !
Este artigo vai ser assim mesmo, um tanto indigesto, é para provocar náuseas e quem sabe ao final, no seu vômito, você comece a evitar que os Orixás continuem tendo que tolerar nosso lixo.
Vamos à parte prática. Reflita comigo, ok ?
O conceito de oferenda é o ato religioso de interação do fiel com seu guia, Orixá e forças da natureza. Energeticamente o prana das oferendas é usado em beneficio de quem oferenda ou pra quem se destina, ou seja, quando uma oferenda é feita para terceiro. Magísticamente é a movimentação de energias e elementais em beneficio próprio ou de outrem. Isso é a síntese pratica de como funciona a oferenda. A Umbanda é o culto à natureza e na oferenda colocamos tudo que é natural.
Partindo deste pressuposto fica claro que o conjunto geral da oferenda deve ser um ato salutar para todos os envolvidos, ou seja, o fiel, a natureza e o Orixá. Pense, os pontos de força naturais são as casas dos Orixás, como a mata está para Oxossi, o mar está para Iemanjá, as cachoeiras estão para Oxum, as pedreiras para Xangô, etc.
Oferendar também é uma forma de presentear. Você gosta de receber presentes e eu também, porém no final a embalagem jogo no lixo e fico com o que é usual no presente.
Sejamos práticos e objetivos. O saquinho plástico não é oferenda. A garrafa não é oferenda. Os descartáveis não são oferendas. O que é oferenda?
As flores, frutos e comidas.
Se a Umbanda vê a natureza como sagrado, logo deve preservá-la. Todo cidadão precisa de uma consciência ecológica para o exercício da cidadania, mas com o Umbandista a coisa vai mais longe, ecologia é preceito religioso, e isso significa muita coisa.
O respeito com a diversidade ritualística que encontramos em nossa religião não pode ser confundido com tolerância aos abusos. Porem antes de julgar precisamos orientar.
Sei que existem muitos conceitos sobre oferendas e postura dentro dos campos sagrados. Certa vez me falaram que tudo que entra na mata não pode sair, ou seja, aquelas dezenas de sacolinhas plásticas que serviram apenas de condutores materiais, tinham que ficar lá. Os copos plásticos, garrafas e bandejas de isopor também. A justificativa: não tirar carrego da mata !
Oras, ou aquele lugar é sagrado e como tal é benéfico, ou é profano e prejudicial, temos que definir isso na mente.
Pelo lado energético ou pergunto: o que vai me atrair negatividades. São as sacolinhas que por sinal são isolantes ou minha vibração mental e emocional ?
Se é a opção dois então qualquer ambiente me fará mal, certo ?
Então vamos descartar esta obrigatoriedade de poluir o espaço sagrado. Até porque esta pratica é mais atual do que parece.
Os antigos zeladores do culto de nação e vertentes afros, anterior á Umbanda ensinavam que as oferendas deviam ser depositadas sobre folhas de bananeira, chapéu-de-couro ( erva ) ou folhagens do Orixá ofertado. Isso é sabedoria natural, não existiam ainda campanhas ambientais. Mais que isso, eles ensinavam que para natureza só vai o que ela ofertava. Os elementos orgânicos se decompõem no solo e viram adubo, muitas vezes as sementes brotam e uma nova vida nasce naquele ambiente.
Contudo, hoje não vemos isso, o que encontramos são garrafas estilhaçadas ao redor de árvores, panos nobres servindo de toalha para o “ banquete divino “ e muitos descartáveis que não oferecem nenhuma utilidade.
Além de cuidar do meio ambiente, precisamos zelar pela boa imagem da religião. Pois, para aqueles que não são adeptos, quando chegam em ambientes com estes “ restos “, criam uma imagem bastante distorcida do real significado das oferendas.



Questão de Postura
Há algum tempo foi notícia em Porto Alegre – RS uma oferenda na beira do rio Guaíba contendo 77 cabeças de bode, claro que sabemos que não tem nada de Umbanda nisso, mas não foi isso que a mídia local divulgou. Também em Curitiba – PR foi pribido a entrada de Umbandista para pratica de oferendas numa reserva florestal, devido ao excesso de lixo não orgânico deixado na natureza e nem preciso citar as milhares de encruzilhadas diariamente forradas por elementos nada agradáveis.
Muitas vezes estes excessos provém da Umbanda, no entanto já foi manchada a nossa imagem e precisamos de postura real e firme, no dia – a – dia do fiel Umbandista, aliado a divulgações e mídias como que realmente a Umbanda se porta á natureza.
Em São Paulo capital, dois cemitérios ganharam há seis anos um Santuário de Obaluaiê / Omulú para os fiéis promoverem seus cultos e oferendas. No enttanto tivemos notícia que estes espaços serão desapropriados devido a depreciação do ambiente e a quantidade diária de animais mortos despejados ali.
Precisamos erradicar o contra – senso da má prática ofertatória. Para só depois conseguir mudar a imagem social.

Fazendo a Diferença
Foi preocupado com a violência urbana, privacidade e meio ambiente que o Sr. Pai Ronaldo Linares, presidente da Federação Umbandista do Grande ABC fundou há 30 anos o Santuário Nacional da Umbanda, um espaço que na origem era uma imensa pedreira e terra seca, hoje todo reflorestado com árvores tópicas, cachoeiras, rio e uma imensa área verde. O Umbandista tem toda liberdade e privacidade para realização de seus cultos e oferendas, inclusive em praças específicas para cada Orixá ou linha de trabalho. Hoje, 263 terreiros estão construídos nesta área e há 40 lotes disponíveis para aluguel diário aos interessados em fazer trabalhos na natureza. É aberto ao público geral sem restrições.
Lá sim, você pode fazer uma oferenda com panos, pratos, descartáveis, vidros etc, pois o Santuário conta com uma equipe de funcionários responsáveis pela limpeza, a coleta é seletiva, o que é reciclado tem seu destino certo, o que é orgânico vira alimento para o minhocário que produz o adubo utilizado para o plantio de 300 mudas mensais e faz parte do reflorestamento da Mata Atlântica que o Santuário mantêm.
Pai Ronaldo informa que o Santuário tem um compromisso muito sério com o meio ambiente, por isso são feitas três coletas semanais de lixo, totalizando uma média de 8 a 10 toneladas de puro lixo. Não está incluso nesta conta os recicláveis, orgânicos e alguidares. Em épocas de festa chega coletar quase o dobro disso. Todo esse lixo vem das 2 a 3 mil pessoas que freqüentam semanalmente o Santuário.
O mais interessante é como se aproveita a maioria dos materiais que seriam lixo. Os alguidares são limpos e triturados para servirem de cascalho nas estradas internas do parque. Louças, pratos, copos etc, também são limpos, desinfetados e defumados pela Mão – de – Santo, Dona Luiza, que separa tudo e encaminha para várias instituições de caridade.
Já os recicláveis são selecionados pelos funcionários que dividem o lucro da venda destes produtos, que não é pouco, sai um caminhão por mês cheio de garrafas e até duas toneladas de plástico, papel e latas, se juntássemos tudo isso, o peso seria em média de 25 toneladas ao mês de “ lixo “, evitado de ser despejado e destruir a natureza.
Próximo a cachoeira uma placa alerta os visitantes: “O lixo traz o rato, o rato traz a cobra, a cobra traz a morte”. A limpeza das oferendas é feita sempre com o prazo mínimo de 24 hs após ser arriada. “O Umbandista não precisa de uma catedral como só o gênio humano é capaz de construir. So precisa de um pouco de natureza, como Deus foi capaz de criar “ - frisa Pai Ronaldo.
Em Juquitiba, também interior de São Paulo, a União de Tenda de Umbanda e Candomblé do Brasil, presidida pelo Sr. Pai Jamil Rachid, construiu o Vale dos Orixás com o mesmo fim, porém, restrito aos filiados da federação.
Pai Jamil afirma que, por mês, cerca que 2.000 filiados utilizam este espaço.
Em Bauru – SP, a Federação Umbandista Reino de Oxalá, presidida por Sr. Pai Rubens Amaro, há oito anos fundou o Vale dos Orixás.
Infelizmente pelo tamanho do nosso corpo religioso são poucas as iniciativas para “ privatizar “ santuários naturais e trazer conforto, segurança e ecologia para nossa comunidade.
Mas se você reside distante destes espaços se adapte e faça a diferença.


Dicas de Bom Senso
De forma geral os Umbandistas se utilizam da natureza pública, poucos tem acesso aos recintos privados, como citamos. Portanto, todos nós podemos adotar atitudes simples que resultam em grande impacto.
Quando chegar no ponto de força da natureza e definir onde irá arriar sua oferenda, priorize forrar o chão com as folhagens do ambiente. Coloque os elementos e comidas sobre as folhas. Dispense pratos ou coisas do tipo. Os líquidos coloquem em copos descartáveis. Acenda as velas e prepare tudo.
Não há resultado em oferendas feitas às pressas, lembre – se que este é um ato sagrado e com dedicação deve ser ministrado. Então, faça as preces, cantos e pedidos com tranqüilidade. Normalmente na natureza em 30 a 40 minutos as velas já queimaram, ótimo. Recolha as borras e coloque no lixo. Antes de sair, jogue o líquido dos copos ao redor da oferenda, os descartáveis vão pro lixo. Faça o mesmo com garrafas e demais elementos. Certifique – se que ficará na natureza apenas material não poluente.
Seguindo esse preceito deixaremos de agredir a natureza sem perder o ato sagrado e ainda alegrar o Orixá. Não apóie velas no tronco das árvores, você pode matá – lãs. E lembre – se: LIXO NO LIXO !


Conceitos de Oferendas e a Natureza
No livro Rituais Umbandistas de Rubens Saraceni, pela Editora Madras, o autor cita na página 21 que “ o ato de fazer uma oferenda ritual a um guia espiritual em um ponto de força abre – lhe a possibilidade de recorrer à própria hierarquia e às forças da natureza, tanto para auxiliarem seu médium como para socorrerem as pessoas que atender. “ Ele ainda complementa que “ a oferenda ritual atua como uma chave de abertura e de religação do médium com o Orixá...”
O espírito Ramatís no livro A Missão da Umbanda, editora do Conhecimento, na página 94 elucida que “ na cosmogonia das religioes africanistas, especialmente a ioruba, o ato de “arriar “ uma oferenda estabelece e perpetua uma troca de força sagrada entre dois mundos: o divino oculto e o profano visível; tudo é energia e tem mais afinidade com este ou aquele Orixá. Essa energia deve estar sempre em movimento em ambos os sentidos: entre o plano concreto – material e o invisível – astral. Assim como a água em seu ciclo sucessivo de chuva, evaporação, resfriamento e degelo, a dinâmica de transferência energética é considerada essencial e parte da vida. “
Observamos dois autores que ao tratar das oferendas convergem no mesmo ponto. A grandiosidade e sacralidade da oferenda e dos pontos naturais.

Tempo de Indigestão da sua Oferenda

Material
Tempo de Degradação
AlguidarIndeterminado
Louças ( Ibás )Indeterminado
Lata de Alumínio200 a 500 anos
VidroIndeterminado
IsoporIndeterminado
Metal100 anos
Garrafa Pet400 anos
Copo de Plástico50 anos
Bituca de Cigarro5 anos
Papel3 a 6 meses
Pano6 meses a 1 ano
Sacolas Plásticas100 anos
Tampinha de Garrafa150 anos
Palito de Fósforo6 meses