Os gregos, os romanos, os tailandeses, indianos e grande parte dos orientais utilizam a cremação há muitos e muitos anos.
Para as religiões do Oriente, queimar o cadáver é uma prática consagrada, pois o fogo tem uma função regeneradora, eliminando os defeitos da pessoa e libertando sua alma. No Ocidente, os gregos, por volta do 10 a.C., queimavam seus soldados mortos em batalha, para facilitar levá-los de volta a sua terra natal, aos seus familiares. Os nórdicos, que acreditavam assim libertar o Espírito de seu arcabouço físico e evitar que o desencarnado pudesse causar danos aos encarnados. A ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana), desde 1970, aceita a cremação e realiza todos os sacramentos aos cremados.
Alguns estudiosos do meio ambiente vêm denunciando a superlotação nos cemitérios. A má conservação destes pode gerar o necrochorume, um líquido formado a partir da decomposição dos corpos que podem conter resíduos perigosos, doenças infectocontagiosas, bactérias patogênicas, contaminando lençóis freáticos e o subsolo ao redor. Embora para alguns este tema seja chocante, há bastante lógica quando eles alegam o uso da cremação diminuiria os encargos básicos econômicos, como por exemplo: adquirir terreno para construir jazigo; a manutenção das tumbas; nas grandes capitais falta de espaço para construir cemitérios etc. Além disso, em cidades como São Paulo, por exemplo, enquanto o enterro mais simples fica em mais de R$ 200,00, o crematório publico cobra pouco mais de R$ 100,00.
Emmanuel, espírito, no livro “Caminhos de Volta”, psicografado por Chico Xavier, relata:
“De quando em quando, amigos da Terra nos inquirem com respeito aos resultados possíveis da cremação que tenhamos porventura experimentado após o afastamento do corpo denso.
E efetivamente o assunto se reveste de significação e proveito, pelas repercussões do processo crematório no plano espiritual.
Por muito se examine, no mundo, a presença da morte física, conferindo-se-lhe foros de igualdade em quaisquer circunstâncias, o óbito não é idêntico no caminho de todos. (grifo nosso)
…. Além da existência comum na Terra, nem todas as criaturas se observam imediatamente exoneradas da inquietação e do trauma, da ansiedade ou do apego exagerado a si próprias.
Temos companheiros que, na desencarnação pelo fogo se liberam de improviso de qualquer conexão com os recursos que usufruíram na experiência material. Entretanto, encontramos outros, em vasta maioria, que embora a lenta desencarnação progressiva que atravessaram, se reconhecem singularmente detidos nas impressões e laços da vida material, notadamente nas primeiras cinqüenta horas que se seguem à derradeira parada cardíaca no carro fisiológico. Fácil observar, em vista disso, que o período de espera, no espaço razoável de setenta e duas horas, entre o enrijecimento do corpo físico e a cremação respectiva, é tempo valioso para a generalidade de todos aqueles que se encontram em trânsito de uma vida para outra.( grifo nosso)Obs.: Nos locais onde têm crematórios, há uma sala frigorífica onde pode ocorrer este período de espera.
Isso é compreensível porque se muitos irmãos dispensam semelhante cuidado, desde os primeiros instantes de silêncio no cérebro, outros, aos milhares, se observam vinculados aos tecidos inertes de que já se desvencilharam, no anseio, embora vão, de revivescê-los. À face do exposto, nós, os amigos desencarnados, nada poderíamos aventar fundamentalmente contra a cremação. No entanto, entendendo que os nossos amigos – os homens da Esfera Física – ainda não dispõem de instrumento para analisar os graus de extensão e de intensidade do relacionamento entre o espírito recém-desencarnado e os resíduos sólidos que lhes pertenceram no mundo, consideramos justo que se lhes rogue o citado período de repouso, a favor dos chamados mortos, em câmara fria que lhes conserve a dignidade da forma. Depois disso o sepultamento ou a cremação nada mais representam, para a alma, que a desagregação mais lenta ou mais rápida das estruturas entretecidas em agentes físicos, das quais se libertou.”
Emmanuel ainda em outro livro – “O Consolador”, questão 151, opina:
“Na cremação, faz-se mister exercer a piedade com os cadáveres, procrastinando por mais horas o ato de destruição das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o Espírito desencarnado e o corpo onde se extinguiu o tônus vital, nas primeiras horas seqüentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações da existência material.”
Temos aqui algumas observações a fazer. No Brasil, a cremação é regulamentada por lei (Lei dos Registros Públicos nº 6015, de 31/12/1973, no artigo 77, parágrafo 2º). Só pode ser cremado quem em vida fez uma declaração registrada em cartório com este desejo. Assim, supõe-se que quem o fez, está se preparando para o desfecho com o devido desprendimento dos laços físicos. Ocorre, porém, que algumas pessoas sofrem de pânico ao pensar que poderão ficar presas sob a terra, e depois seus restos mortais serão consumidos por larvas e microrganismos, esquecendo-se que aquilo nada mais é do que uma capa, que está vazia de sensibilidade e alma há muito. Para estes, será bastante penoso ver, que somente sobraram cinzas daquele que fora um dia. Inevitável é que cada um terá de pensar sobre isso alguma hora, e preparar-se o mais adequadamente possível. Penso que o melhor preparo é vivendo, vivendo plenamente o dia a dia. Não loucamente como alguns citam, “como se não houvesse amanhã”, mas comedidamente, buscando a verdadeira fonte de felicidade em cada dia, mas não voláteis e ilusórios momentos de intensidade e sensação duvidosos.
Leon Denis , nos idos de 1905 ,na obra “O Problema do Ser, do Destino e da Dor,” já comentava que, ao consultar os Espíritos sobre a cremação de corpos, concluiu que em tese geral, a cremação provoca desprendimento mais rápido, mas brusco e violento, doloroso mesmo para a alma apegada à Terra por seus hábitos, gostos e paixões. Continuando o relato, ele escreveu:
“…É necessário certo arrebatamento psíquico, certo desapego antecipado dos laços materiais, para sofrer sem dilaceração a operação crematória. É o que se dá com a maior parte dos orientais, entre os quais está em uso a cremação. Em nossos países do Ocidente, em que o homem psíquico está pouco desenvolvido, pouco preparado para a morte, à inumação(enterro) deve ser preferida, posto que por vezes dê origem a erros deploráveis, por exemplo, o enterramento de pessoas em estado de letargia. Deve ser preferida, porque permite aos indivíduos apegados à matéria que o Espírito lhes saia lenta e gradualmente do corpo; mas, precisa ser rodeada de grandes precauções. As inumações são, entre nós, feitas com muita precipitação.”
Também o Irmão X no livro “Escultores de Almas”, psicografado por Chico Xavier nos adverte :
“…a atitude crematória é um tanto precipitado, podendo vir a ter conseqüências desagradáveis para o Espírito desencarnante: … morrer não é libertar-se facilmente. Para quem varou a existência na Terra entre abstinências e sacrifícios, a arte de dizer adeus é alguma coisa da felicidade ansiosamente saboreada pelo Espírito, mas para o comum dos mortais, afeitos aos comes e bebes de cada dia, para os senhores da posse física, para os campeões do conforto material e para os exemplares felizes do prazer humano, na mocidade ou na madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas. Demanda tempo, esforço, auxílio e boa vontade. Eis porque, se pudéssemos, pediríamos tempo para os mortos. Se a lei divina fornece um prazo de nove meses para que a alma possa nascer ou renascer no mundo com a dignidade necessária, e se a legislação humana já favorece os empregados com o benefício do aviso prévio, por que razão o morto deve ser reduzido a cinza com a carne ainda quente?”
Na Umbanda, alguns babalorixás são contra, considerando que o corpo deve ser devolvido à Natureza e à Nanã. Já Ramatis, dá a entender que os corpos inumados (enterrados) podem sofrer a ação vampirizadora de alguns espíritos que ficam em busca de restos de energia vital . Esta teoria eu questiono um pouco, primeiro porque há guardiões habilitados, sob a chefia do Pai Omulu, para que tal não aconteça. Por outro lado, como é necessário esperar alguns dias, nada impede que aquele espírito devedor, ao desencarnar seja perseguido mesmo nas câmaras frigoríficas de um crematório.
Outra corrente, baseada no que Chico Xavier falou há muito tempo,em entrevista ao “Pinga fogo”, ele afirmou que durante a cremação, que ocorre a 1.200 oC, pode haver dano do próprio perispírito, que é uma espécie de matéria quintessenciada.. Particularmente não concordo, exceto naqueles casos em que o desencarnado não conseguiu, por falta de méritos, auxilio das equipes espirituais especializadas em desligar o corpo físico dos envoltórios perispirituais e rompimento do cordão de prata. Neste caso ele sofrerá por tempo variado a impressão de deformação de sua forma perispiritual.
São idéias e afirmações suficientes para que façamos uma boa reflexão, e que cada um tire suas conclusões, sóbrias, equilibradas, vistas e um modo sereno e lúcido.
Que todos fiquem sob as bênçãos do Pai, e cada um tenha uma boa hora em todos os momentos, valorizando a Vida e sabendo que somos imortais.
Alex de Oxóssi
Rio Bonito – RJ