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domingo, 22 de maio de 2016

 
 
A RESPONSABILIDADE DO MÉDIUM, COMO INTERMEDIÁRIO

“Orai e vigiai“, essas são as palavras que alguns de nós ouvimos com frequência. A prece é uma forma de meditação, e vigiar os próprios pensamentos, em busca de aproximar-se do ser equilibrado, livre de qualquer sentimento oposto à Religião (orgulho, preconceito, inveja, e etc.). Por que esses dois elementos são tão importantes? Se nós, médiuns, somos o instrumento pelo qual os guias e orixás se comunicam com os demais.

Ao ver deste mero escritor, que vos dedica esse simplório texto, o médium deve ser como uma linha de conexão sem interferências. Caso não medite sobre a sua condição e não vigie os seus pensamentos, ele, consequentemente, tenderá a interferir na mensagem enviada pelo Espírito de Luz. E quantas vezes não vimos este fato? O médium usa de seu guia, um ser mensageiro, de luz esclarecedora e imparcialidade absoluta, para fins mesquinhos, como forçar a vontade alheia através de uma, suposta, sabida mensagem.

Dificilmente um médium ficará TOTALMENTE inconsciente quando incorporado. O caso se assemelha a água e óleo, que, colocados em um único copo, tem contato, tornando-se uma só porção, contudo não se misturam!

Essa visão sobre o objetivo do médium explica, ainda que de forma simplória, o verdadeiro motivo do “por que estudar sobre umbanda”. 
A posição intermediária exige que o médium seja presente como ferramenta e ausente como formador de opinião, pois até mesmo a amizade entre o médium e a pessoa, que veio a esse em busca de uma mensagem, pode alterar a real Matéria dita pelo guia, se não houver separação entre os interesses do médium e o objetivo central da prática.

Mas o que é necessário para a conduta imparcial do médium?

Acredito que não seja estranha a prática de banhos de ervas, acender velas específicas (aos orixás ou ao anjo de guarda) ou, ainda, a leitura de livros indicados pela Casa de Caridade. Bem, esses são os principais fatores para a conduta do médium. Mas como um simples banho, um acender de velas ou um folear de páginas refletem nas atitudes?

Alguns de nós já fomos orientados sobre a necessidade de deixar os nossos problemas “da porta para fora” das casas de orações. Essa simples frase tem um fundamento imenso. O fato de não deixar que o seu cotidiano interfira na prática religiosa contribui, diretamente, na qualidade da conexão que se tem com os guias espirituais. Tal qual a preparação que se tem anteriormente ao trabalho, propriamente dito.

É comum termos a sensação, quando iniciantes, de ansiedade logo que acordamos e sabemos que é dia de gira. Afinal, não é qualquer dia, você irá ter contato com os guias e Orixás. A forma com que o dia se procede é totalmente diferente dos demais, e de tempo em tempo olhamos para o relógio. Chega-se em casa, toma-se um banho de ervas, específicas para aquela gíra, coloca-se a roupa própria e se pega as guias (missangas). Quando, finalmente, chegamos no local do culto, cumprimentamos felizes, e, antes mesmo de começar o trabalho, fazemos uma oração. A abertura é feita e logo se tem contato com os guias  dos médiuns mais antigos. A hora de incorporar chega e a cabeça vai à mil e as sensações são diversas, principalmente no começo. A gira chega ao fim, mas sabemos que tudo foi parte de uma grande experiência, e aguardamos a próxima, mais uma vez, ansiosamente.

O que eu acabei de descrever, acredito eu, foi vivenciado pela maioria dos médiuns, ainda que as situações se limitassem à “semelhante”. Mas a pergunta ainda não foi respondida: Como tudo isso pode influenciar? A preparação espiritual no dia, descrito no parágrafo anterior, deixa o médium em estado neutro, pronto para executar a sua função com harmonia com o meio, sem nenhuma carga negativa que o impeça. O banho de ervas tem a função de equilibrar as energias, a vela específica para o orixá cultuado no dia gera uma conexão preliminar e os ensinamentos cultivam a doutrina, tornando o médium hábil, mentalmente, para conciliar e discernir suas próprias ideias as mensagens.

O banho, as velas e os livros são fatores importantes sim, mas os sentimentos solidários estão acima, são os elementos que refletem a conduta do médium. Um médium com verdadeira vontade solidária, não permite a sobreposição da sua vontade a mensagem do Guia, ainda que a verdadeira mensagem seja oposta aos seus pensamentos, pois ele sabe que a Fonte age em prol do bem, e aquela pessoa que veio a ele em busca do guia, acreditou na sua capacidade mediúnica de transmitir a mensagem sem interferência alguma, como se, de fato, a pessoa-médium não estivesse mais ali.
         

A obrigação de transmitir a mensagem está intrinsecamente ligada à absorção do destinatário. Se o método deve atualizar-se na medida em que a realidade muda, devemos nós, umbandistas, agir conjuntamente aos nossos guias na medida das nossas funções. Porque nas diferenças entre as nossas e as funções dos orixás encontram-se o encaixe perfeito, que ao ver deste mero palpiteiro, tornando possível a prática da verdadeira Umbanda.





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